Neste Dia Internacional da Mulher, a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta queda anual de 0,7 ponto percentual no índice de mulheres endividadas. O resultado acompanha a tendência da comparação mensal, que também registrou redução (0,2 p.p.) menos acentuada.
“As famílias têm reportado um menor volume de dívidas atrasadas, e a renda da mulher na participação do orçamento familiar é fundamental para isso, uma vez que, na maioria das vezes, elas são peças centrais nos lares brasileiros, acumulando múltiplas funções, como profissionais, autônomas, empreendedoras, mães e donas de casa”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Nesse sentido, a proporção da renda comprometida com dívidas aumentou, justamente, entre o público feminino: 30,6% da renda das mulheres está comprometida com contas a pagar, sendo este o maior nível já registrado pela pesquisa. “Os dados corroboram o momento propício para o ajuste do orçamento familiar, com menor nível de juros, como divulgado recentemente pela CNC”, explica o economista-chefe da entidade, Felipe Tavares.
Mulheres se sentem menos endividadas
A queda anual foi puxada, principalmente, pela redução de 1,4 p.p., em relação a janeiro, no número de mulheres que se sentem “muito endividadas”, crescendo, por outro lado, o índice daquelas que acreditam estar “mais ou menos endividadas”. “A redução do volume de dívidas atrasadas ocorreu em ambos os gêneros, no ano, enquanto, na comparação mensal, apenas o público feminino apresentou queda, de 0,5 p.p.”, acrescenta Tavares. Em relação às dificuldades de quitar todas as dívidas em dia, homens e mulheres apresentaram a mesma tendência, indicando redução anual, mas alta mensal.
Dívidas das famílias diminuem
No geral, em fevereiro, as famílias reduziram o endividamento e aparentam estar organizando suas finanças para 2024. Um percentual de 77,9% das famílias possui dívidas a vencer, como cartão de crédito, cheque especial, carnês, crédito consignado, empréstimos pessoais, cheques pré-datados e parcelas de financiamento. O número é menor que o de janeiro e também está abaixo do valor registrado em fevereiro de 2023.
Pelo quarto mês consecutivo, houve redução do percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas”, 16,7%. Assim como em janeiro, aumentou o número daquelas que se consideram “mais ou menos endividadas”, 29,1%.
O percentual de famílias com dívidas em atraso também reduziu pelo quinto mês consecutivo, registrando o menor nível desde março de 2022, 28,1%. Já 47,5% das famílias têm dívidas atrasadas por mais de 90 dias, e o tempo médio de atraso registrado foi de 63,6 dias.
“A tendência de redução da inadimplência também é vista pela redução do percentual de famílias que não terão condições de pagar dívidas, que é o grupo mais complexo dos inadimplentes, mostrando uma queda persistente nos últimos quatro meses. Ainda que o grupo de famílias que não terão condições de arcar com as suas dívidas esteja maior do que em fevereiro de 2023, as reduções nos últimos meses são um sinal positivo para o perfil de inadimplência das famílias brasileiras, sinalizando melhoras neste grupo. Isso mostra que a redução da Selic está auxiliando também os indicadores de inadimplência”, aponta Tavares.
Classe média puxa redução do endividamento
Todas as faixas de renda apresentaram redução ou estabilidade do endividamento em relação a janeiro, com destaque para as famílias que recebem entre 3 e 5 salários mínimos, cuja queda chegou a 0,7 p. p. no mês. Já as famílias que recebem de 5 a 10 salários mínimos demonstraram o maior declínio no ano, reduzindo suas dívidas em 1,8 p. p., no período. Por outro lado, as famílias de baixa renda, isto é, que recebem até 3 salários mínimos, mantiveram seu endividamento estável no mês, com leve aumento frente ao registrado em fevereiro do ano passado, já que precisam, essencialmente, do crédito para consumir.
Veja a pesquisa completa e a série histórica
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