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Os graves impactos que os eventos climáticos geram à sociedade, assim como os custos aos negócios do Comércio e Serviços, reforçam a necessidade de ações mais sustentáveis e responsáveis em torno da vida útil de produtos. E isso já é um consenso para uma parte significativa dos comerciantes da capital paulista.  

Um levantamento exclusivo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com 200 empresas de pequeno e médio portes da capital aponta que 55% desses negócios realizam triagem dos resíduos para reciclagem; 39% participam de Sistemas de Logística Reversa (SLRs); 41% encaminham os itens recicláveis para ecopontos municipais (as empresas são “pequenos geradores”); e 20% fazem a separação de resíduos orgânicos.

Segundo a Federação, esses dados são indicativos de como as empresas estão posicionadas em relação à economia circular, que visa reduzir o desperdício e promover um ciclo de vida mais longo para os materiais. A economia circular, entre outras práticas, está relacionada ao retorno de produtos e embalagens na fase pós-consumo ao ciclo produtivo, por meio do descarte adequado pelos consumidores aos SLRs implementados por importadores, fabricantes, comerciantes e distribuidores ou aos sistemas de coleta seletiva. 

Cerca de 23% das empresas entrevistadas vendem produtos que fazem parte da economia circular, como composto orgânico, objetos produzidos com plástico reciclado e itens confeccionados com papel reciclado. De acordo com a Entidade, é significativa a adesão a práticas que não apenas reciclem, mas também criem novos produtos a partir de materiais reciclados.

Dados: FecomercioSP

Ainda assim, 37% das empresas respondentes não adotam quaisquer práticas de economia circular. Dessa forma, há um número significativo de negócios que poderiam se beneficiar de mais informações e incentivos para começar a implementar essas práticas a baixo custo de investimento e com resultados de redução de desperdício. 

As maiores barreiras à adoção da economia circular 

Muitas empresas acreditam que as práticas de economia circular são muito caras para serem implementadas e/ou não veem um retorno financeiro imediato atrelado a essas ações. 

As percepções quanto aos custos financeiros e de capital humano, assim como a falta de conhecimento sobre a economia circular, são os principais entraves para que os negócios da capital adotem práticas mais sustentáveis. Dos empresários entrevistados pela FecomercioSP, 37% indicam a falta de recurso financeiro como o maior problema. 

Ao mesmo tempo, 36% das empresas não estão adequadamente informadas sobre o que é a economia circular e como podem implementar as ações. Isso afeta, inclusive, a capacidade de treinamento dos empregados.  

Em torno de 12% dos negócios acreditam que não precisam adotar práticas de economia circular, o que indica um desafio na percepção da importância dessas ações para a sustentabilidade a longo prazo.  

Um primeiro passo 

Apesar de muitos negócios já estarem mais avançados nessas condutas sustentáveis, há um número significativo deles que poderia se beneficiar de mais informações e incentivos para começar a implementar as práticas a baixo custo de investimento e, inclusive, com redução de desperdício. A triagem de resíduos para reciclagem é a mais comum e barata, sendo um primeiro passo importante na implementação da economia circular. 

Fazer parte dos SLRs é outra estratégia importante para garantir que produtos sejam destinados de forma ambientalmente correta pela cadeia produtiva após o uso pelo consumidor. Aqui é importante ressaltar que toda empresa deve participar de um sistema desses — obrigatoriamente como ponto de entrega para produtos como pilhas, baterias portáteis e automotivas, seja como ponto de entrega ou divulgação — de produtos como lâmpadas, óleo vegetal usado, eletroeletrônicos, pneus etc. Acesse a Plataforma de Logística Reversa da FecomercioSP e veja todas as orientações e recomendações, pois o descumprimento das obrigações pode resultar em multas e outras sanções de acordo com a Lei 12.305/2010 e regulamentações, além do Decreto 6.514/2008. Acesse também um e-book dedicado ao tema.

Outras opções também devem ser consideradas pela empresa na adoção da economia circular, como repensar sobre a necessidade de adquirir novos produtos e seu impacto ambiental, reduzir o consumo de materiais e a geração de resíduos, reutilizar e reparar produtos para prolongar sua vida útil, e substituir itens descartáveis por outros da linha de bens duráveis. Todas essas ações contribuem para a redução do consumo de recursos naturais e materiais, da geração de resíduos, da emissão de gases de efeito estufa e de impactos ambientais.

Tendo em vista os eventos climáticos que estão gerando um alto custo social e econômico à sociedade, é esperado que isso também traga novas exigências legislativas, assim como mais obrigações em torno de ações sustentáveis às empresas. Por outro lado, o consumidor espera que empresas se posicionem sobre os impactos causados à sociedade e ao meio ambiente.

foto: Freepik