A expectativa dos paulistanos com o futuro da economia piorou, segundo o Índice de Confiança dos Consumidores (ICC) de setembro, produzido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que aponta uma queda de 7,1% no indicador quando comparado ao mesmo período do ano passado — de 132,6 para 123,2 pontos. De acordo com a Entidade, um conjunto de fatores ajudam a explicar esse resultado, mas o principal é a incerteza quanto ao ambiente econômico do País, que afeta diretamente as expectativas das famílias sobre as condições econômicas futuras.
O ICC também apresentou uma retração mensal de 3,2%. O indicador — que varia entre 0 e 200 pontos, apontando pessimismo ou otimismo total dos consumidores em relação às condições econômicas atuais e futuras —, é composto por duas variáveis: Índice de Expectativa do Consumidor (IEC) e Índice das Condições Econômicas atuais (ICEA). No mês, o quesito “expectativas” foi o que mais recuou.
O subíndice caiu 12,6%, no comparativo anual, e 4,4%, em relação ao mês anterior, atingindo 127,6 pontos. Isso reflete frustração com as perspectivas econômicas, apesar do crescimento no emprego. Segundo a FecomercioSP, mesmo com o mercado de trabalho aquecido, muitos consumidores não percebem melhorias no dia a dia, especialmente com o aumento dos preços.
Além disso, os juros altos, necessários para conter a inflação, tornam o crédito mais caro, dificultando o consumo, inclusive de bens duráveis. A Federação também destaca as incertezas em relação às políticas econômicas, incluindo preocupações com o equilíbrio fiscal e reformas, que criaram um ambiente de insegurança. Os impactos da Reforma Tributária sobre o custo de vida e mercado de trabalho, por exemplo, afetou diretamente as expectativas dos paulistanos.
Por fim, os dados mais positivos sobre a confiança do consumidor vêm de um período passado. O índice atual sugere uma desaceleração econômica que ainda não se concretizou totalmente.
Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF)
Esse cenário incerto traz implicações diretas para os empresários, que podem ter dificuldades para manter as vendas e gerenciar estoques, ainda mais em segmentos que dependam do crédito e de bens de consumo duráveis. O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), outro indicador produzido pela FecomercioSP, revela exatamente esse movimento: queda de 4,2%, no comparativo anual, revelando consumidores mais cautelosos, sobretudo entre os lares de menor renda.
As variáveis “perspectiva de consumo” e “perspectiva profissional” caíram 17,9% e 12%, respectivamente, em relação a setembro de 2023. Na comparação mensal, as maiores quedas foram vistas em “perspectiva de consumo” (-5%) e “nível de consumo atual” (-4%). As famílias estão menos confiantes em fazer compras futuras — especialmente de bens não essenciais — e reduziram o consumo geral, em decorrência do aumento dos custos e da inflação ainda presente.
Outras quedas foram observadas no “acesso ao crédito” (-2,8%) e “momento para duráveis” (-1,2%). Quatro dos sete componentes do ICF estão abaixo de 100 pontos, indicando pessimismo: “momento para duráveis” (80 pontos), “nível de consumo atual” (81,7 pontos), “perspectiva de consumo” (93,8 pontos) e “acesso ao crédito” (96 pontos).
Por faixa de renda, lares com menos de dez salários mínimos são os mais pessimistas, com quedas de 7,7%, no comparativo anual, e 1,2%, em relação a agosto. As famílias com maior renda, por sua vez, menos dependentes de crédito e mais resistentes aos impactos econômicos, registraram altas de 5,6%, no ano, e 0,2%, no mês.
O ICF apontou alta em “renda” (6,2%) e “emprego” (2,3%). No entanto, esses resultados não foram suficientes para elevar a confiança futura dos paulistanos. Embora o Índice de Confiança do Consumidor tenha crescido 3,5% no item Condições Econômicas Atuais (ICEA), houve retração de 1% em comparação ao mês anterior.
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