SincoElétrico

Embora o otimismo das famílias paulistanas esteja subindo lentamente nos últimos meses, ainda estão bastante cautelosas com relação ao consumo. É o que revelam o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), ambas pesquisas realizadas mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

De um lado, o ICC de julho [gráfico 1] mostra um crescimento de 2,7% em comparação ao mesmo mês do ano passado, com uma variação mais tímida (0,6%) em relação a junho. Para a Federação, os números indicam uma melhoria relativa na confiança dos consumidores, muito por causa do ritmo do mercado de trabalho, que impacta as condições de renda.

Por outro lado, o ICF, que mede a tendência das famílias a consumir no curto e no médio prazos, caiu pelo quinto mês seguido, alcançando 106,8 pontos. Em junho, eram 107,4 pontos. De fevereiro para cá, a retração já é de 7,5. O fenômeno sugere que, apesar do aumento na confiança, os paulistanos permanecem cautelosos quanto aos seus gastos, muito em decorrência das preocupações com a inflação e a alta do dólar.

Confiança tímida

Os dois indicadores que compõem o ICC obtiveram altas em julho: o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA), que mensura o contexto das famílias, subiu 1,1%. Em comparação ao mesmo mês de 2023, a elevação já é de 13,3%. O Índice de Expectativas dos Consumidores (IEC), por sua vez, permaneceu mais estável (0,2%), com queda na comparação anual (-2,7%).

Há diferenças também no recorte de renda. Consumidores dos estratos acima de dez salários mínimos estão mais otimistas — para eles, o ICC já subiu 6,5% em relação ao ano passado. No entanto, aqueles com renda inferior a dez salários mínimos não parecem tão empolgados com o momento: a pontuação desse grupo cresceu apenas 1,2% no mesmo período.

Na visão da FecomercioSP, esses dados mostram uma percepção de melhorias nas condições econômicas atuais, ainda que isso não se traduza necessariamente em mais disposição para as compras.

Consumo cauteloso

Em compensação, a intenção das famílias de consumir segue caindo vertiginosamente desde o início do ano, em especial nas faixas mais pobres da população. De acordo com a Entidade, isso é reflexo, principalmente, da ameaça de uma inflação mais alta. Nos últimos 12 meses terminados em junho, a elevação do IPCA já é de 4,23%.

Não é à toa que cinco dos sete indicadores que contemplam o ICF caíram em julho, na comparação mensal. A retração mais brusca foi observada no Nível de Consumo Atual, que ressecou 2,3%, assim como as Perspectivas de Consumo (-1,5%).

Ainda assim, muitas das variáveis cresceram com bases altas em relação ao mesmo mês do ano passado. São os casos do mesmo Nível de Consumo Atual (16,4%) e do Momento para Duráveis (16,1%). Trata-se de números que indicam uma maior inclinação para consumir agora do que naquele período, graças às mudanças que a economia do País experimentou desde então — o próprio ICF subiu na comparação anual (2,8%), chegando aos 106,8 pontos.

Os dados revelam uma certa oportunidade para o empresariado, já que muitos consumidores estão inclinados a gastar em serviços, além das necessidades básicas. Contudo, é fundamental ajustar as previsões de vendas frente a esse cenário, marcado por confiança ainda tímida, mas em alta, e intenção de consumo mais comedida.

Foto: Freepik