O número de famílias inadimplentes, na capital paulista, caiu timidamente entre o primeiro e o segundo trimestres do ano, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). No período analisado, a taxa foi de 21,8% de lares nessa situação, na cidade — número que atingiu 22,1% nos primeiros três meses de 2023. Houve uma redução ainda mais sutil no volume daquelas que dizem estar sem condições de pagar as dívidas: de 9,6% para 9,4%.
Segundo a Entidade, os dados mostram um cenário econômico marcado pelo aquecimento do mercado de trabalho, que aumenta a massa de renda familiar, assim como pela inflação em desaceleração e os juros mais baixos. Entra na explicação ainda os feirões de negociação de dívidas organizados pelas instituições bancárias e os efeitos permanentes do programa Desenrola Brasil, do governo federal.
Não é à toa que, em comparação ao segundo trimestre do ano passado, a inadimplência também ressecou em 1,2 ponto porcentual (p.p.). Contudo, essa realidade não é a mesma dependendo da classe social dos paulistanos. Entre as famílias que ganham até dez salários mínimos, houve redução de 0,9 p.p. na taxa de inadimplentes, passando de 26% para 25,1%, entre os dois primeiros trimestres de 2024. Já nos lares com rendimentos mais elevados, a inadimplência subiu de 12,3% para 13,1%.
Na contramão dessa tendência, porém, o número de lares endividados subiu 2,7 p.p., passando de 68,5%, no primeiro trimestre, para 71,2%, no segundo. A alta é reflexo, justamente, dos juros mais baixos, que fizeram com que muita gente voltasse ao consumo. Além disso, o cartão de crédito — motivo do endividamento de quase nove em cada dez paulistanos (87,4%) — é, historicamente, um meio de complemento à renda mensal.
Vale lembrar que, em junho, o porcentual de lares com contas em atraso na capital era de 20,8%, menor nível desde janeiro de 2022, enquanto o endividamento seguia em alta (71,3%).
Na análise trimestral, outros dois aspectos chamam a atenção: o primeiro é que o tempo de comprometimento das famílias com as dívidas aumentou em um ano. No segundo trimestre de 2023, as despesas permaneciam por, pelo menos, 7,3 meses, enquanto no mesmo periodo deste ano, esse número foi de 7,7 meses. Não é um indicador ruim, pelo contrário, demonstra que há mais disponibilidade dos lares de gerar dívidas de longo prazo, o que beneficia os setores de produtos duráveis.
O segundo aspecto é o porcentual da renda comprometida, que também permanece alto (31%), mantendo o nível do primeiro trimestre e caindo muito pouco em relação ao mesmo período do ano passado (29,9%).
Ainda assim, os números da PEIC sugerem uma conjuntura econômica positiva na cidade de São Paulo, em que a maior disponibilidade de empregos, ao aumentar a massa de salários, tem feito com que as famílias paguem as contas com mais equilíbrio. Os juros baixos e a inflação controlada ajudam a manter essa ordem. De acordo com a FecomercioSP, a tendência é que isso permaneça ao longo dos próximos trimestres.
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