As famílias paulistanas têm se controlado mais na hora de planejar as compras. O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que mede a propensão dos lares a consumir no curto e no médio prazos na cidade de São Paulo, caiu 2%, ao passar de 112,4 pontos, em março, para 110,2 pontos, em abril. Para se ter ideia, seis dos sete indicadores analisados pela pesquisa apresentaram queda em relação ao mês anterior. No entanto, na comparação anual, a situação se inverte: todos os itens subiram. O ICF varia de zero a 200 pontos, em que que abaixo de 100 pontos significa insatisfação em relação às condições de consumo, e acima deste patamar, satisfação.
Em relação a abril do ano passado, a intenção de consumo subiu 8,2%. Segundo a FecomercioSP, esse resultado positivo pode ser explicado pelo aumento da renda dos paulistanos, que conseguiram entrar no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, foram favorecidos com a desaceleração da inflação.
A Federação acredita que o desempenho recente do ICF foi impactado pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que ,nos primeiros meses do ano, mostraram uma pressão sobre o grupo de alimentos e bebidas, o principal de despesas dentro do orçamento doméstico, principalmente, das famílias com menor renda. Prova disso é que o ICF dos lares com renda de até dez salários mínimos, mais sensíveis aos aumentos de preços, recuou 2,3%, passando de 110,1 pontos, em março, para 107,5 pontos, em abril. É o menor patamar desde agosto do ano passado.
Dos sete itens que compõem o ICF, o único que cresceu em abril foi o Emprego Atual, mas de forma tímida, 0,5%. Dentre as categorias que apontaram queda, o grupo Momento para Duráveis, que mede a intenção de compra de produtos como geladeira, fogão e televisão, teve o pior desempenho na comparação mensal (-5,5%), o que reflete o pessimismo das famílias em relação à compra desses itens — até mesmo porque o acesso ao crédito, responsável por estimular o consumo, também ficou mais difícil no último mês (-2,6%). Apesar da queda observada nos últimos dois meses, o ICF se manteve acima dos 100 pontos, refletindo otimismo quanto às condições de consumo. Na visão da FecomercioSP, dois fatos foram fundamentais para esse resultado: o bom desempenho do mercado de trabalho e a desaceleração inflacionária. Tanto que os itens Renda Atual, Emprego Atual e Perspectiva Profissional são os mais bem avaliados.
A FecomercioSP, no entanto, afirma que as expectativas não são favoráveis. Fatores, como alta taxa de juros, alto porcentual de lares endividados e inadimplentes, além das pressões inflacionárias — como a ocorrida em fevereiro sobre os grupos educação e alimentos —, ainda impedem uma alta maior do ICF e devem provocar oscilações no indicador nos próximos meses.
Confiança do Consumidor
O mesmo movimento foi observado no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do município de São Paulo. Após ter atingido o maior nível em cinco anos, o ICC caiu pelo segundo mês consecutivo (-2,2%). Ainda assim, o resultado é melhor do que o registrado no ano anterior, apresentando crescimento de 3,6% no período.
Os dois itens que integram o indicador caíram na comparação mensal. O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) recuou 2,2% em relação a março, mas aumentou significativamente (20,7%) quando comparado a abril de 2023. Já o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) exibiu queda nas duas bases comparativas: 2,2%, no mensal, e 4,1%, no anual, mas ainda apresenta elevado nível de otimismo, ao marcar 138,0 pontos em abril.
Assim como no ICF, o ICC também captou maior queda na confiança das famílias paulistanas de menor renda. Por um lado, o mercado de trabalho aquecido, o aumento da renda e a desaceleração inflacionária impulsionaram a trajetória de alta desses dois indicadores em comparação ao ano passado. Por outro, as pressões inflacionárias sobre o grupo alimentos e bebidas registradas nos últimos dois meses, além da defasagem no preço da gasolina, parecem ter gerado preocupação entre os consumidores da capital paulista.
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