O volume de receitas das atividades terciárias tem o melhor desempenho dentre os setores da economia brasileira, segundo análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com base nos resultados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgados, nesta sexta-feira (9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o quarto ano consecutivo de avanços reais no setor, que chegou a registrar queda de 7,8% no início da pandemia de covid-19. A CNC projeta crescimentos de 1,9% e 2,3% nos serviços e turismo, respectivamente, em relação ao ano passado.
“Este resultado mostra a alta relevância das nossas atividades para o fortalecimento da economia nacional que, após períodos difíceis, sobretudo pela crise multissetorial causada pela covid-19, tem apresentado consistentes índices de retomada”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Serviços seguem em alta
Seguindo a tendência do ano anterior, em 2023, o volume de serviços prestados às famílias (4,7%) puxou o crescimento das atividades terciárias, beneficiadas pela desaceleração dos preços livres dos intangíveis, de 7,6%, em 2022, para 6,2% no ano passado. Em seguida, estão os serviços profissionais administrativos e complementares (3,7%) e de informação e comunicação (3,4%).
Em média, essas atividades mostraram, em 2023, um nível de atividade 11,7% acima do apresentado no período pré-pandemia. Este foi o melhor crescimento entre os grandes setores da economia nacional, sendo 0,7% para a Indústria, 2,9% para o Comércio e 3,6 para o Turismo.
“A título comparativo, nenhum outro grande setor econômico reagiu tão significativamente nesse período quanto os serviços”, avalia Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela análise.
Turismo cresce moderadamente
A chegada da alta temporada para o turismo tem contribuído para a revitalização da atividade no Brasil. Segundo dados recentes, apurados pela CNC, o setor deve faturar R$ 169 bilhões entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024 – uma alta real de 11% em relação ao mesmo período do ano passado.
O turismo foi a atividade mais afetada pela crise sanitária, tendo perdido dois terços das suas receitas apenas nos dois primeiros meses de pandemia. Em algumas atividades específicas do setor, como o transporte aéreo, as perdas foram ainda mais significativas, como diminuição de 95% no fluxo de passageiros, naquele período.
Passagens ainda estão encarecidas
Apesar do crescimento modesto do turismo, o encarecimento do transporte aéreo é apontado como um dos desafios pela pesquisa, indicado pela desaceleração da quantidade de passageiros transportados nos últimos meses de 2023. Os números registrados entre maio e agosto de 2023 superaram a quantidade de passageiros transportados em 2019. Porém, com o recente reajuste das passagens aéreas, a demanda voltou a cair. Dos 377 avaliados mensalmente pelo próprio IBGE no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o subitem “passagens aéreas” foi o que mais contribuiu para a inflação no último trimestre de 2023.
Alta de empregos
O crescimento do turismo em 2023 também está relacionado com a alta dos empregos. Entre março e setembro de 2020, o setor teve que eliminar 470 mil vagas formais, em virtude da queda abrupta da atividade. Desde então, gerou quase 624 mil vagas de emprego celetista, superando em 254 mil postos a retração da força de trabalho verificada em 2020. Para 2024, a CNC projeta um saldo entre admissões e desligamentos de 158 mil postos de trabalho no setor.
Diante da expectativa predominante de menor crescimento econômico em 2024, a perspectiva da entidade é que as atividades turísticas apresentem avanço mais modesto, de 2,3%, que o do ano passado (7,3%).
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