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O futuro do trabalho com a IA

Por José Pastore* A Inteligência Artificial (IA) está sendo uma fonte de preocupações. Não é para menos. Ao lado dos avanços trazidos, a IA é capaz de criar notícias falsas, gerar pânico, desestabilizar economias e até governos. Além disso, ela ameaça destruir os empregos dos profissionais qualificados – advogados, contadores, tradutores, professores, pesquisadores e outros. Mas a IA também cria novas e boas oportunidades de trabalho. Qual será o seu efeito líquido? Nos países avançados, o risco de destruição de empregos é alto devido ao fato de existir muitas atividades que envolvem profissionais qualificados. Mas esses países têm uma alta capacidade para aproveitar as novas oportunidades de trabalho. Nos países em desenvolvimento, dá-se o inverso. O risco é menor, mas a capacidade para aproveitar oportunidades é limitada. Mauro Cazzaniga e colaboradores criaram um “índice de preparação” para classificar os países no enfrentamento dos impactos da IA no mercado de trabalho (Gen-AI: artificial intelligence and th e future ofwork, Washington: FMI, 2024). Ao examinar a situação de 33 países em vários níveis de desenvolvimento, o Brasil ficou em 16.0 lugar. Está no meio da escala de preparação, ou seja, tem um menor risco de destruição de empregos, mas enorme dificuldade para aproveitar as novas oportunidades, especialmente para os mais velhos e os menos educados. Os mais jovens e mais educados terão mais facilidade, seus salários subirão e, como consequência, a desigualdade social aumentará ainda mais. É um efeito pernicioso da IA em todos os países. A qualidade da educação é um fator primordial na preparação para as mudanças. Mas os valores sociais e a estrutura institucional também pesam. Por exemplo, a profissão de juiz corre um alto risco de substituição dos magistrados pela IA, mas raras serão as sociedades que permitirão que isso ocorra no curto prazo. Para os países em desenvolvimento, os autores recomendam melhorar a qualidade da educação e da regulação da IA e do trabalho. São três áreas desafiadoras. Na educação, a revogação da reforma do ensino médio do Brasil foi um retrocesso. A regulação da IA caminha a passos lentos no Congresso Nacional. E a regulação trabalhista da Lei 13.467/2017 precisa ser completada para abrigar as novas formas de trabalhar. *José Pastore é Presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP.Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo, em 25 de janeiro de 2024.

Abertura de micro e pequenas empresas tem alta de 6,6% em 2023

O Brasil registrou a abertura de 859 mil micro e pequenas empresas em 2023, uma alta de 6,62% em relação ao ano anterior, quando foram criados 805,6 mil empreendimentos. Os números apontam para uma média de 2,3 mil novos negócios desse porte abertos por dia, segundo levantamento do Sebrae com base no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal do Brasil (RFB). No caso das novas microempresas (ME), categoria que fatura até R$ 360 mil por ano, o salto foi de 674,5 mil para 715 mil, de 2022 para 2023. Já as novas empresas de pequeno porte (EPP), cujo faturamento anual vai de R$ 360 mil ao teto de R$ 4,8 milhões, passaram de 131 mil para 143,7 mil no mesmo período. Juntas, ME e EPP formam as chamadas micro e pequenas empresas (MPE). Na análise temporal mais longa, é possível ver o incremento sustentável de micro e pequenas empresas no Brasil. Em 2019, foram abertas 490 mil microempresas e 89 mil empresas de pequeno porte, contra 715 mil microempresas e 143 mil empresas de pequeno porte no ano passado, o que representou aumento de 45,80% e 60,50%, respectivamente. Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o significativo crescimento do número de novas microempresas e empresas de pequeno porte é demonstrativo da melhora da economia brasileira. “Os números mostram que os empreendedores se sentem mais confiantes com os rumos da nossa economia. Eles estão mais motivados a entrar no mundo do empreendedorismo com investimentos e fazendo a economia girar”, avalia. Para o país, isso representa mais geração de empregos, maior arrecadação e mais dinheiro em movimentação e mais inclusão. Décio Lima, presidente do Sebrae. Segundo o levantamento do Sebrae, a abertura de novos microempreendedores individuais (MEI) ficou estável, caindo 0,9 % em comparação com 2022, o que é considerado uma acomodação sem relevância estatística. Foram 2.908.104 novos MEI em 2023, ante 2.933.809 em 2022. Somando os MEI às micro e pequenas empresas, o total de novos pequenos negócios abertos no Brasil chegou a 3,77 milhões no ano passado. Isso representa 96% do total de empresas, incluindo as de médio e grande porte, criadas no país em 2023. Décio Lima destaca que os pequenos negócios têm sido fundamentais ao longo dos últimos anos para manter a economia brasileira em atividade. “As micro e pequenas empresas são as primeiras a reagir em momentos de crise. Graças principalmente a elas, o país consegue recuperar o nível de emprego e a geração de renda. Nossas pesquisas mostram que os pequenos negócios têm respondido por aproximadamente 7 em cada 10 empregos gerados”, avalia. Em 2023, as atividades que registraram o maior volume de novos negócios estavam no setor de Serviços, englobando nove das dez classes com a maior abertura de empresas durante esse período. O principal destaque foi “Atividades de atenção ambulatorial executadas por médicos e odontólogos”, liderando a abertura de MPE com um total de 48.782 novas empresas em 2023, representando 5,68% do total de microempresas e empresas de pequeno porte criadas nesse período. Juntas, as TOP 10 classes CNAE somam 277.449 novas MPE abertas no ano passado, correspondendo a 32,3% do total. TOP 10 atividades econômicas mais procuradas pelas MPE em 2023 – TOP 10 das atividades econômicas mais procuradas pelos MEI em 2023 Fonte: Agência Sebrae de Notícias Foto: Freepik

Mais de 1 milhão de empresários pediram adesão ao Simples Nacional

No mês de janeiro de 2024, foram realizadas 1.001.593 solicitações de opção pelo Simples Nacional, sendo 449.252 aprovadas. Outras 552.341 dependem de regularização de pendências com um ou mais entes federados (União, Estados, DF ou município). O contribuinte que regularizou suas pendências pode continuar consultando sua situação no “Acompanhamento da Formalização da Opção pelo Simples Nacional” e no “Acompanhamento da solicitação de enquadramento no Simei”, se for o caso. Entretanto, o resultado final está previsto para ser publicado a partir da 2ª quinzena de fevereiro. Veja tabela com o quantitativo por Estado: UF Deferidos Pendentes AC 1.466 1.799 AL 6.812 6.745 AM 4.253 4.248 AP 1.230 1.138 BA 20.952 28.852 CE 12.863 16.964 DF 17.003 15.379 ES 8.827 9.298 GO 22.614 25.676 MA 8.401 11.647 MG 45.047 49.150 MS 5.904 10.264 MT 12.472 14.208 PA 8.278 11.938 PB 5.958 7.559 PE 16.306 18.965 PI 4.738 6.444 PR 33.058 37.517 RJ 34.129 39.495 RN 3.891 8.040 RO 2.176 3.975 RR 851 702 RS 25.701 26.546 SC 24.435 25.990 SE 3.804 4.509 SP 114.979 161.594 TO 3.104 3.699 Total 449.252 552.341 Total geral 1.001.593       Veja tabela com o quantitativo relativo ao MEI por Estado: UF Deferidos Pendentes AC 62 29 AL 405 254 AM 246 157 AP 36 40 BA 1.791 1.422 CE 1.947 777 DF 600 472 ES 862 734 GO 1.753 1.078 MA 781 314 MG 6.159 3.194 MS 665 613 MT 1.516 1.024 PA 738 430 PB 1.001 666 PE 1.131 870 PI 501 225 PR 3.461 1.828 RJ 2.525 2.544 RN 627 365 RO 179 120 RR 58 33 RS 3.131 1.584 SC 3.494 1.566 SE 900 537 SP 13.538 8.127 TO 254 187 Total 48.361 29.190 Total geral 77.551 Fonte: Gov.br Receita Federal

Classe média terminou janeiro menos endividada

Janeiro foi um mês de aumento do endividamento da população, conforme indica a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer foi de 78,1% em janeiro, um aumento de 0,5 ponto percentual (p.p.) em relação a dezembro e de 0,1% no comparativo com janeiro do ano passado. No entanto, a taxa diminuiu entre as famílias de classe média que têm rendimento entre 5 e 10 salários mínimos, atingindo 76,4% desses consumidores. Nesse caso, houve queda de 1,9 p.p. perante dezembro e 0,8 p.p. na comparação com janeiro de 2023. Já a inadimplência caiu 0,5 p.p. em janeiro, na comparação mensal, e 1,6 p.p. em relação a janeiro de 2023. A porcentagem de famílias com dívidas em atraso fechou o mês em 28,3%, o menor nível desde março de 2022. Entre os inadimplentes, a CNC monitora também os que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas, estes alcançando, em janeiro, o percentual de 12% das famílias. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que, em aspecto geral, a Peic de janeiro mostra um cenário positivo para 2024. “As pessoas estão conseguindo, aos poucos, quitar suas dívidas para contrair outras e adquirir novos produtos, planejar viagens, enfim, voltar a consumir com mais fôlego”, avalia o presidente. Segundo Tadros, as projeções da Confederação apontam que 2024 deve continuar, gradualmente, com aumento do endividamento e redução das famílias inadimplentes. Diminui inadimplência entre famílias com menor renda Entre as famílias com renda até três salários mínimos, 35,6% estão inadimplentes e 16,4% não sabem como vão quitar os atrasados. Apesar de esta ser a faixa de renda com maiores índices de dívidas em atraso, a inadimplência teve queda de 3,1 p.p., na comparação anual, e de 0,7 p.p. em relação ao mês anterior. Dessas famílias, diminuiu em 1 p.p. as que declararam não ter condições de pagar as dívidas em atraso em relação a janeiro do ano passado e 0,3 p.p. menos que em dezembro. Apesar de terem mais dificuldade de pagamento, a maior parte desses consumidores (29%) considera-se pouco endividada – mesmo que este seja o grupo com a maior fatia de renda comprometida com dívidas, 32% entre os que responderam à pesquisa. Financiamento imobiliário é o maior em 22 meses Apesar de o cartão de crédito continuar sendo o mais utilizado, com 86,8% do total de endividados nessa modalidade em janeiro, houve queda de 1 p.p. no comparativo com janeiro do ano passado e 0,4 p.p. perante dezembro. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, ressalta que o uso consciente do cartão de crédito é importante para um mercado de crédito saudável e sustentável, já que essa modalidade apresenta a maior taxa de juros entre as opções de crédito e apresenta o maior nível de inadimplência entre os consumidores, em 53% novembro de 2023 segundo dados Banco Central. Por outro lado, o crédito pessoal e o crédito consignado avançaram no ano (altas de 1,6 p.p. e 0,6 p.p., respectivamente). Um destaque é o financiamento imobiliário, que aumentou 1,4 p.p. em relação a janeiro do ano passado, fechando o mês em 8,4% do total, maior percentual desde março de 2022. Outra constatação da Peic de janeiro é que houve redução de 2,4 p.p. nas dívidas em carnês, formato de crédito que esteve em crescimento em 2022 e, em 2023, inverteu a trajetória para uma queda praticamente constante. Em janeiro passado, o gasto em carnês era de 18,6%. No mês passado, foi de 16,2%. “Ainda assim, é a segunda modalidade mais procurada”, reitera Felipe Tavares. Endividamento e inadimplência aumentam entre os mais instruídos O endividamento aumentou entre os consumidores com ensino médio completo e atingiu 78,5%. O crescimento foi de 0,5 p.p. no mês e 1,1 p.p. no ano. Eles também estão mais inadimplentes na comparação com janeiro de 2023: houve um ligeiro aumento, de 0,2 p.p., fazendo o índice chegar a 27,3%. Em relação a dezembro, no entanto, houve queda de 0,4 p.p. Na outra ponta, os com menor escolaridade diminuíram o seu grau de endividamento, fechando o mês em 72,1%, 1,6 p.p. a menos que em dezembro. No ano, a queda foi de 5,5 p.p. A inadimplência entre esse grupo também caiu, e de forma mais significativa: em janeiro, eram 29,3% dos consumidores com menos escolaridade que estavam com contas atrasadas, uma queda de 3,4 p.p. em relação a dezembro e de 2,1 p.p. no comparativo com janeiro de 2023. O economista Felipe Tavares indica que os de maior escolaridade normalmente têm empregos mais estáveis e mais bem remunerados, o que faz com que essas pessoas consigam arcar com mais dívidas sem ficar inadimplentes, tendência que vem sendo observada desde outubro passado. “Como os menos instruídos geralmente têm menor renda, precisam controlar melhor seu orçamento, o que explica a redução da inadimplência e do endividamento com maior intensidade”, ressalta. Acesse a análise completa e a série histórica da Peic Foto: Freepik

Carnaval 2024 deve movimentar R$ 9 bilhões, projeta CNC

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o Carnaval 2024 movimente R$ 9 bilhões, valor 10% mais alto do que o registrado em 2023. Em ritmo de recuperação pelo quarto ano seguido, esta é a primeira vez que o faturamento deve superar o patamar anterior à pandemia de covid-19. “Os dados do faturamento do setor de turismo, tanto nacionais quanto regionais, apontam o crescimento da atividade nos últimos anos. O efeito do carnaval, como um evento isolado, contribui para a recuperação econômica do segmento de maneira geral e expressiva”, destaca o presidente da CNC, Roberto Tadros. Carnaval mineiro cresce de vento em popa Os três estados que lideram a projeção de crescimento do setor são Minas Gerais (20,2%), Paraná (14,5%) e Rio Grande do Sul (12,2%). Conforme o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, 2024 deve manter essa tendência de crescimento. “A profissionalização da atividade do turismo nos últimos anos, além da maior demanda por esses serviços, justifica o surgimento de destinos menos tradicionais como protagonistas para os turistas que buscam aproveitar esse período não somente para as grandes festas de carnaval”, explica. Folia paulista lidera expectativa de faturamento Conforme as projeções da CNC, o campeão de faturamento das atividades turísticas no mês do carnaval deve ser São Paulo, com expectativa de R$ 16,3 bilhões, seguido, com certa distância, pelo Rio de Janeiro, com R$ 5,3 bilhões, e Minas Gerais, com R$ 5,2 bilhões. Empatados, vêm Bahia e Rio Grande do Sul, com previsão de R$ 2,7 bilhões. “O faturamento das atividades turísticas no mês do carnaval reflete a dinâmica econômica geral de cada Estado e, quanto maiores o fluxo turístico, a população residente e a renda média, mais alta a projeção”, pontua Felipe Tavares. Nesse sentido, São Paulo assume a liderança isolada, já que abriga cerca de 20% da população brasileira. Turista gastará mais Com a situação financeira um pouco melhor para os brasileiros, o turista deve gastar mais neste carnaval, contribuindo para a circulação de renda no comércio e nos serviços durante as festividades. Segundo dados do Banco Central do Brasil (BCB), os gastos dos brasileiros no exterior em 2023 cresceram 44% em relação a 2022, alcançando US$ 1,1 bilhão. Já para os turistas estrangeiros no Brasil, os gastos em 2023 foram 44% maiores do que em 2022. “Essa tendência de alta, observada entre 2022 e 2023, deve ser mantida em 2024”, afirma o economista-chefe da CNC. A previsão, segundo aponta Felipe Tavares, é que as despesas dos turistas brasileiros no exterior cresçam 19%, alcançando US$ 1,3 bilhão, enquanto os turistas estrangeiros no Brasil devem gastar 19,4% a mais, o que representará cerca de US$ 971 milhões no carnaval em 2024. Empregos temporários O carnaval impulsiona não só o turismo, mas também a contratação de temporários em diversas áreas econômicas. No setor de serviços, em que estão incluídas as atividades de turismo, a CNC estima 66.699 postos temporários em 2024, com 3,1% de efetivação. Para o diretor da CNC que coordena o Conselho Empresarial de Turismo e Hospedagem (Cetur), Alexandre Sampaio, o Carnaval 2024 vai manter o rito de ser uma atividade importante para o turismo brasileiro e impulsionar a contratação de pessoal para atender à demanda. “Nós acreditamos que o carnaval vai cumprir o seu padrão de ocupação plena de vários segmentos de hospedagem, demanda muito grande de alimentação fora do lar, processos e serviços de catering para atendimento de grupos nas avenidas e no carnaval de rua, como em Salvador, Rio e São Paulo, que são os mais famosos”, avalia Sampaio, que também preside a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA). Acesse a análise completa da CNC sobre o Carnaval 2024 e confira entrevista do economista-chefe, Felipe Tavares, sobre o tema Foto: Freepik

CCTs Sindcont-SP e SEEDESP são assinadas

O SincoElétrico celebrou mais duas Convenções Coletivas de Trabalho: do SEEDESP (Sindicato dos Empregados em Empresas Distribuidoras de Gêneros Alimentícios. Remédios, Jornais e Revistas, de Gás (GLP), Materiais para Escritório, Peças e Acessórios para Veículos,  Materiais para Construção, Empresas de Sucatas e de Materiais para Reciclagem, Locadoras de Veículos, Prestadoras de Serviço com Veiculo,  e Empresas Similares do Estado de São Paulo) e também do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont). Os documentos estão disponíveis para consulta e download em nosso site. Em caso de dúvidas, fale conosco por e-mail: juridico@sincoeletrico.com.br ou por telefone: (11) 3333 8377. Foto: Freepik

São Paulo 470: o que queremos dela (e para ela)?

Por Abram Szajman* Se o Brasil é o país das oportunidades, São Paulo é um dos lugares mais propícios para concretizá-las. Meus pais, por exemplo, vieram da Polônia e se instalaram no Bom Retiro, bairro em que nasci no fim dos anos 1930 e que, primeiro, abrigou a colônia italiana; depois, a comunidade judaica; e, atualmente, imigrantes sul-coreanos e bolivianos. Em outras regiões da cidade, juntaram-se a eles, japoneses, árabes e, mais recentemente, outras origens. Cresci respirando essa atmosfera plural, que permitiu o desenvolvimento de todas as atividades produtivas cujo resultado está numa metrópole generosa. Esse progresso, contudo, cobrou o seu preço. Hoje, os problemas estruturais da cidade espelham os mesmos do Brasil. Violência urbana, infraestrutura defasada, má gestão dos efeitos das mudanças climáticas, insegurança jurídica e burocracia excessiva são entraves que afugentam investimentos e atormentam o cotidiano do paulistano. A qualidade de vida piorou.  É um cenário preocupante para uma cidade que tem um mercado de trabalho maior do que todos os Estados brasileiros, exceto do próprio Estado São Paulo, da qual é capital, com 4,7 milhões de empregos formais, e cujo Produto Interno Bruto (PIB) — de quase R$ 1 trilhão — só é menor que o do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e, da mesma forma, do próprio Estado. Por essa razão, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) tem exercido ativamente o seu papel de sugerir melhorias e cobrá-las das autoridades a fim de tornar o ambiente de negócios mais promissor e, com isso, trilhar uma rota de crescimento e produtividade. Defendemos e seguiremos atuando pela modernização do Estado brasileiro. Tomemos como exemplo a segurança pública, que vive uma grave crise. Vimos muitos estabelecimentos fechando as portas ou recorrendo a meios de proteção particular para se protegerem da violência. Tudo isso na metrópole cujo varejo fatura R$ 1 bilhão por dia, reunindo mais de 10% dos empreendimentos dos setores de Comércio e Serviços de todo o Brasil. Temos levado ao Poder Público uma agenda de inteligência para a identificação dos logradouros mais suscetíveis a práticas de ilicitudes, assim como pedimos reforço do patrulhamento preventivo e um trabalho mais robusto de investigação do crime organizado. Se São Paulo espelha o Brasil, então é preciso pensar em uma reforma estatal que atravesse os três níveis de governo. A cidade, tal qual o País, precisa de uma máquina pública mais eficiente, menos custosa e mais moderna. Enquanto isso não acontece, nós, empresários, vamos seguir resilientes — porque é isso que mantém o sucesso econômico em meio às adversidades. A propósito, neste marco de 470 anos, vamos trabalhar para qualificar o debate nas eleições municipais que se aproximam. São Paulo precisa de paz e boas iniciativas para prosperar.  *Abram Szajman é presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S. Paulo em 25 de janeiro de 2024.

Tributação simplificada em 2024: empresas têm até 31 de janeiro para optar pelo Simples Nacional

As empresas que desejam se beneficiar com a tributação simplificada do Simples Nacional, ainda em 2024, têm até 31 de janeiro para optar pelo regime. Para tanto, é necessário seguir algumas regras de modo a evitar que o pedido seja indeferido, tal como o limite de faturamento bruto anual de R$ 4, 8 milhões. Débitos tributários em aberto também podem ser um impeditivo. A opção pelo Simples Nacional deverá ser formalizada por meio do Portal do Simples Nacional, e, uma vez deferida, será inalterável por todo o ano-calendário.  Procedimentos para opção Acesse o portal com o seu código de acesso ou com o certificado digital. Veja como gerar o código de acesso. O contribuinte consegue acompanhar o andamento e o resultado final da solicitação na opção “Acompanhamento da Formalização da Opção pelo Simples Nacional”. Se for indeferido, o contribuinte terá acesso ao termo de indeferimento do pedido pela autoridade fiscal, assim como o respectivo ente federado que decidiu pelo indeferimento, inclusive quando houver débitos tributários. Até que esteja deferido, o contribuinte pode cancelar o pedido de formalização após abrir a solicitação. Regularização de débitos Enquanto o prazo para formalização da opção estiver em aberto, o contribuinte conseguirá regularizar as eventuais pendências que impedem o ingresso no Simples Nacional. A Receita Federal respondeu às principais dúvidas sobre o regime do Simples. Confira!  Situações impeditivas Para que uma empresa já constituída possa optar pelo Simples Nacional, é necessário que, no ano-calendário anterior ao da opção, tenha auferido receita bruta de até R$ 4, 8 milhões. Outro fator impeditivo ocorre quando a companhia tem débito aberto perante o INSS ou as fazendas públicas federal, estadual ou municipal. Nesse caso, a empresa precisa quitá-los ou realizar o parcelamento com esses órgãos. Também é importante analisar se a atividade desenvolvida não impede a opção pelo Simples, como cessão ou locação de mão de obra, além de locação de imóveis próprios — quando não se referir à prestação de serviços tributados pelo ISS. Outro impeditivo ocorre quando a empresa for uma S/A ou, ainda, participar do capital de outras pessoas jurídicas, como é o caso de holdings ou de sociedade em conta de participação. É preciso bastante atenção quando o negócio for constituído por sócios que participem do capital de outras companhias, optantes pelo Simples ou não. Esse fator pode ser um impeditivo ou, ainda, resultar na exclusão do regime simplificado em algumas situações. Freepik

Após quatro meses de queda, varejistas iniciam ano mais otimistas

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), atingiu 109,1 pontos em janeiro, com uma alta de 0,8% em relação ao mês anterior. Essa recuperação interrompe uma sequência de quatro quedas consecutivas, revelando uma virada positiva nas perspectivas do varejo. A melhor percepção sobre o consumo atual no mês de janeiro contribui para o aumento do otimismo, indicando que as condições de mercado estão em sintonia com as expectativas dos comerciantes. Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a recuperação do Icec em janeiro é um sinal positivo para o começo de 2024. “Aponta um otimismo moderado, aliado à melhora das condições atuais do setor, mas com a prudência necessária diante do atual cenário”, afirma Tadros. Para ele, a confiança dos varejistas junto com os dados da pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que mostraram maior predisposição das famílias brasileiras para consumir, refletem um equilíbrio entre otimismo e cautela. Confiança em alta O destaque desse período foi o crescimento de 4,5% na confiança dos empresários em relação às condições atuais do setor, na comparação com dezembro do ano passado. Conforme o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, essa taxa positiva representa a primeira leitura positiva após quatro meses consecutivos. O indicador sugere uma melhora da saúde financeira das empresas do comércio. As expectativas dos empresários também registraram incremento, com o indicador geral apresentando um aumento de 0,3%. “Esse resultado significou a saída das taxas anuais negativas, indicando um retorno à estabilidade entre janeiro de 2024 e 2023”, explica Felipe Tavares. A expectativa dos varejistas para suas empresas registrou a maior variação mensal desse grupo de indicadores – 0,6%. Além disso, a expectativa para a economia destacou-se na variação anual, com acréscimo de 1,1%. “O conjunto desses dados mostra maior otimismo entre os empresários no presente, contrastando com perspectivas mais cautelosas para o futuro”, avalia o economista-chefe da CNC. Queda das intenções de investimento As intenções de investimento, no entanto, tiveram uma leve queda de 0,1%, refletindo a cautela dos consumidores para os próximos meses. No detalhamento dos itens analisados, a contratação de funcionários e a avaliação dos estoques foram os únicos indicadores com uma retração de 1% em ambos. A queda mensal das intenções de investimento revela o cuidado dos empresários em alocar mais capital na empresa antes de terem sua confiança confirmada, apontando um ambiente de incerteza econômica. A proporção de comerciantes que planejam reduzir suas contratações atingiu 37% em janeiro de 2024, o maior nível desde junho de 2023. Essa expectativa reflete a preocupação dos consumidores com o mercado de trabalho, uma tendência também observada nos resultados de janeiro da pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também realizada pela CNC. O alto nível de inadimplência das empresas, que chega a 3,6%, representa a maior dificuldade dos estabelecimentos em manter seus fluxos de capital, mesmo com as taxas de juros mais acessíveis do que no ano passado. Comércio de bens essenciais é o mais otimista A confiança do empresário do comércio cresceu em janeiro em todos os segmentos do varejo pesquisados. O comércio de produtos de bens essenciais teve o maior crescimento mensal, atingindo um aumento de 3,8% nas séries com ajuste sazonal. Já o grupo de produtos duráveis aumentou 1,6%, beneficiado pelo acesso facilitado a esses produtos por causa dos juros mais amenos, conforme revelado pela ICF. Em relação à percepção atual do comércio, a única atividade em queda foi a de bens semiduráveis, apresentando uma retração de 1,2%. Esse declínio pode ser atribuído ao foco das famílias em bens essenciais, refletindo uma queda de 0,5% na ICF de janeiro. Apesar de os duráveis não estarem nessa categoria, foram auxiliados pela melhora do mercado de crédito. Mesmo com o corte de juros favorecendo o segmento de bens duráveis, os empresários desse setor ainda enfrentam desafios. Conforme Felipe Tavares, as famílias, já endividadas, controlam seu orçamento para evitar a inadimplência, impactando as intenções de investimento. “Assim, esses comerciantes não experimentam totalmente os efeitos positivos dos cortes na Selic, uma vez que a demanda está desaquecida”, conclui o economista-chefe. Confira a análise completa e a série histórica do Icec, além de entrevista com o economista responsável pelo levantamento Imagem: Freepik